A QUESTÃO DE SER HUMANO
Mensagem de Maria Madalena através de Pamela Kribbe
Queridos homens e mulheres,
Bem-vindos a este círculo. Eu sou Maria Madalena. Uma vez estive na Terra como uma mulher que viveu e amou, e algumas vezes se desesperou e lutou contra as próprias emoções humanas que todos vocês conhecem tão bem em si mesmos.
Estou aqui hoje para discorrer sobre o que significa ser humano. Muitos de vocês estão cansados de ser humanos. Há muita luta em seus corações, dor e medo que trazem do passado, e às vezes cansaço, bem como um afastamento da verdadeira abertura, devido à insegurança sobre o que o fato de serem humanos na Terra poderá lhes trazer. Tudo isto é compreensível, porque, ao virem para a Terra, vocês encontram uma resistência ditada pelas memórias de vidas passadas e agravada pelas saudades do Lar, um lar que vocês conheceram nos reinos da harmonia e da luz. Todos vocês carregam essas memórias dentro de si e, quando descem à Terra como almas, podem tornar-se um tanto deprimidos.
Peço, então, a cada um de vocês, que se conecte com a parte de si que está lutando aqui na Terra, e aceite que ela tem medo de estar aqui. Sua consciência não é da Terra; sua consciência é infinita, cósmica, e sente-se em casa no universo inteiro. Ela está aqui de visita e vive apenas temporariamente em um corpo terreno. Reconheça e acolha essa parte sua, que tem medo de estar aqui, medo de realmente participar da vida e de estar aberta para tudo o que pode ser vivido aqui na Terra. Permita que toda essa aflição se faça presente… a dúvida, a solidão, o tédio, o desespero. Peço-lhe que se abra para essas dores, porque uma ferida só pode ser curada quando a atenção amorosa flui em direção a ela.
Muitos de vocês querem adotar os ornamentos do caminho spiritual. Mas quando se atinge as alturas da luz, antes mesmo que se possa perceber, deixa-se para trás tudo o que é mundano. O que vocês realmente são incentivados a fazer, aqui e agora, é olhar para as trevas dentro de si mesmos e enviar luz para essa escuridão. Mas isto é algo que pode despertar resistência em vocês. Entretanto, mergulhar nas próprias trevas, solidão e sentimento de separação é o que pode lhes oferecer a maior satisfação. Pois, assim fazendo, vocês descobrem quem realmente são – os portadores da luz, aqueles que vieram para iluminar a escuridão.
Agora, imaginem que aquela velha dor, que vive na alma de cada um de vocês, está reunida no centro deste círculo de pessoas. Essa dor se expressa de muitas formas; pode se manifestar como agitação, ansiedade, tristeza, incerteza, um sentido de desconexão…. Peço-lhes que, enquanto estão em um círculo ao redor dessa velha dor, visualizem uma tocha acesa nas mãos de cada um de vocês, as quais se estendem em direção ao centro do círculo, de modo que essa dor possa ser completamente iluminada e vista, e não precise mais se esconder no escuro.
E que cada um permita que a sua luz brilhe. Você não é essa dor; você é aquele que pode aliviá-la e transformá-la, e esta é a sua verdadeira tarefa e missão aqui na Terra. Quando lança sua luz sobre sua própria escuridão desta maneira, essa luz se irradia também para os outros e os encoraja a fazer o mesmo. Você é, então, um trabalhador da Luz – começa com você. Aí está o convite mais profundo para você – aceitar e acolher totalmente suas partes mais vulneráveis; e foi isto que fizemos nesta semana. Quando você observa as mágoas mais profundas de uma pessoa, percebe que elas são virtualmente as mesmas em todo mundo – homens e mulheres – e que vêm da necessidade de ser reconhecido e amado, ou do sentimento de ser privado de amor e compreensão.
O propósito original da sexualidade, da intimidade, é a alegria, e esse encontro é extremamente valioso – podemos inclusive chama-lo de sagrado. Quando um homem e uma mulher se encontram com franqueza e respeito, há uma união de energias que é literalmente criativa. Dessa união poderá nascer uma nova criança humana, maravilhosa e bela. Mas esse encontro é também criativo num sentido mais profundo. No nível da alma, você pode ser animado e tocado pela alma de outra pessoa de uma forma intensamente enriquecedora para você, e por meio da qual você se torna parte do Um sem perder sua própria singularidade, sua individualidade. Este é o verdadeiro significado de um encontro entre homem e mulher. Sinta a beleza disto, e sinta o quanto você deseja vivenciar o significado sagrado da sexualidade. Como alma, você está sempre buscando o Um, para voltar ao seu Lar, ao Divino que se encontra no seu interior. Você tem muitos nomes para isso: Deus, o Um, Tudo O Que É, o Universo, o Cosmos…, mas todos eles são insuficientes.
Trata-se daquele anseio, que você traz no fundo do seu ser, de viver em segurança incondicional, de ser completamente aceito e de poder se expressar livremente. Esta nostalgia profunda vive em todas as pessoas, e a coisa mais grandiosa no encontro entre marido e mulher – ou entre dois parceiros amorosos, que podem, inclusive, ser dois homens ou duas mulheres – a coisa maravilhosa em relação ao encontro sexual, é que, através dele, você pode ter um vislumbre do Um, da unidade. Ao vivenciar o aspecto humano exatamente através de tal polaridade – a dualidade homem-mulher – você tem um vislumbre do Lar, do Paraíso, e é enriquecido por isto. A sexualidade foi concebida para ser uma fonte de luz, uma dança terna, delicada.
Entretanto, especialmente no campo da sexualidade, os seres humanos ficaram profundamente feridos; desenvolveu-se uma distância e uma hostilidade entre os dois sexos. As pessoas não se sentem mais à vontade com a energia do sexo oposto, mesmo quando essas energias estão dentro delas mesmas. As mulheres têm dificuldade para assumir sua energia masculina, sua autoconfiança, seu poder. Os homens lutam para se entregar aos seus sentimentos, às suas emoções, ao prazer da fusão com outra pessoa. Como foi que isto aconteceu?
Seria uma longa história trazer à luz todos os aspectos da evolução das energias masculina e feminina. Mas o fato básico é que Deus, a fonte de tudo o que existe, lhe deu a liberdade de explorar e experimentar, e também de se arriscar a ter resultados em forma de energia desequilibrada. No entanto, isso foi necessário para que você realmente compreendesse quem é e que responsabilidade lhe foi conferida. Você não é uma criança nas mãos de Deus, você é um Deus em formação que deve aprender a assumir responsabilidades e estar em equilíbrio com todos os elementos da vida.
Você é um Deus em botão. Sinta como você é poderoso e autônomo. Você é uno e indivisível, e, embora seja inextricavelmente ligado à Fonte de tudo o que existe, você é também totalmente você mesmo, inteiramente único. Permita que este conhecimento penetre em si. Você é você e ninguém mais; e isto já é um milagre, um mistério. Isto é ser uma alma, indivisível e única; isto é ser um Deus, um criador: livre, independente, autônomo.
Você consegue arcar com a responsabilidade de tanta autonomia? Esta é a verdadeira questão. Uma parte sua não quer assumir toda essa responsabilidade, e essa parte é a sua sombra. Ela se sente impotente, ansiosa, separada da Fonte. Ela quer voltar ao Lar, como uma criança que chama a mãe. E, muitas vezes, relacionamentos sexuais românticos são usados como uma forma de voltar ao Lar – mas isto não funciona.
O Lar está em você… em ser você mesmo e único. Assumir sua total autonomia é o primeiro passo para um relacionamento maduro. Sentir-se em casa, à vontade consigo mesmo, confiando na sua própria essência, é a condição para um relacionamento profundo e feliz com outra pessoa. Mas esta condição é incompatível com o desejo infantil que muitas vezes se busca em um relacionamento de amor romântico; um anseio de fazer parte do outro, de fundir-se completamente com o outro, como se o outro fosse um pai/mãe onisciente em quem você pudesse se apoiar como uma criança. É justamente no amor romântico que a criança interior deseja liberar seus próprios fardos e colocá-los sobre outra pessoa. Ocorre, então, uma dependência emocional e logo os dois parceiros acabam ficando sufocados.
O primeiro passo para um relacionamento curador, sagrado, é voltar-se totalmente para dentro de si, para o lar que está em você mesmo; e envolver em seus braços a criança interior que se desviou do caminho e se sente perdida. Assuma o seu próprio papel de adulto; a outra pessoa não pode curar as suas feridas; você é seu próprio curador, sua própria luz. Quando consegue penetrar em si mesmo desta maneira, aceitando-se profunda e inteiramente, você está pronto para estender a mão para o outro e tocá-lo com abertura e admiração. Este é o segundo passo para construir um relacionamento alegre e abundante – estender a mão para o outro com admiração. E admiração significa que não há nenhuma expectativa, nenhum desejo de coisa alguma, nenhuma necessidade de nada; é simplesmente olhar para o outro com admiração e interesse.
A mais bela forma de amor romântico é maravilhar-se, sentir-se atraído pelo outro, querer aprender e explorar o outro da maneira mais aberta e íntima. E fazer isso sem querer adicionar essa pessoa à sua própria visão do mundo, às suas ideias; sem querer moldá-la às suas expectativas e necessidades, mas simplesmente para brincarem juntos. Só então o outro consegue se entregar, porque não há nenhuma pressão nem obrigação. Você é livre, o outro é livre, e vocês se unem voluntariamente.
Existe, então, algo superior que conecta a ambos, algo que reside no coração. Você não tenta mudar ou curar o outro, nem tenta torna-lo melhor. Não; vocês celebram a vida juntos e, assim fazendo, curam-se. Não um através do outro, mas cada um através de si mesmo e da sua capacidade de confiar em seu próprio ser e, a partir daí, estar aberto para experimentar da riqueza e da abundância de outra alma.
Peço-lhe, agora, que imagine que você está completamente em paz. Leve sua atenção para a sua coluna, descendo ao longo dela, passando pelo coração e abdome até a pélvis. E sinta que esta é a área do seu corpo que está associada à sexualidade. Sinta isso com admiração e franqueza, sem os preconceitos e sentimentos de vergonha ou impureza, que foram associados à sexualidade pela sociedade e pelo passado. Sinta essa área tão aceitável e neutra quanto, por exemplo, a sensação de um dedo do pé. Aqui está a âncora para a sua existência humana, e aqui, na área do seu abdome e pélvis, estão seus instintos básicos. É aqui que você se sustenta na Terra.
Desça com sua consciência… apenas esteja presente. Onde quer que esteja agora, sinta-se em casa consigo mesmo, com quaisquer emoções humanas com as quais esteja lutando. O que importa é que você está aí para se apoiar. Sua luz, sua essência, podem enfrentar tudo, porque é uma luz imortal, uma luz que suaviza e compreende. Preencha toda a sua aura com esta luz. Sinta-se verdadeiramente sustentado em sua própria luz divina, e perceba como o universo, Deus, a Fonte de tudo, amam você. Foi por isto que o criaram – para ser tão único quanto você é. Você é totalmente aceito, admirado, amado, porque é quem é, exatamente como você é agora.
A partir deste estado de consciência, olhe para alguém que você ama. Pode ser seu parceiro de vida, mas também um amigo, um filho, ou seu pai ou sua mãe…. Simplesmente escolha alguém que lhe venha à mente, com quem você queira se conectar agora. Enquanto se conecta com essa pessoa que vê diante de si, mantenha-se completamente voltado para si mesmo; seus limites são respeitados, portanto permaneça em seu próprio ser. Sinta-se tranquilo e confortável ao fazer isto. Respire calmamente pelo abdome e não sinta que deveria ajudar ou mudar o outro. Na verdade, você não precisa fazer absolutamente nada, simplesmente mantenha-se em seu centro. Então olhe com abertura e admiração para a outra pessoa. Veja o que ela irradia enquanto está à sua frente. Quando está observando-a desta maneira, você se aproxima dela com admiração. Você não precisa fazer nada, e o outro também não precisa fazer nada. Você simplesmente observa a aparência dele, como ele se move, e o que você percebe em relação à energia dele.
Então, chegue mais perto dessa pessoa, enquanto o seu próprio campo energético se mantém à sua volta. A partir do seu coração, sinta profundamente essa pessoa. Deixe que qualquer coisa que você sinta em relação a ela venha à tona espontaneamente, e observe isso com admiração e sem julgamento. Veja o que os conecta e o que lhes proporciona a conexão mais vital e alegre. Não olhe para o que não vai tão bem ou é discordante, e para o que lhes causa confrontos, mas olhe para aquela vertente mais elevada, mais leve, mais jovial que os conecta, na qual a energia flui entre vocês sem esforço, e aproveite isto. Você não precisa fazer nada com isso, a não ser obter prazer.
Acolha essa luz por um momento. Sinta como a luz, através dessa vertente, flui para o seu coração, e veja o que isto provoca em você – traz algo novo e vibrante para a sua vida, algo com o qual você pode seguir adiante, que o enriquece ainda mais. Vocês o receberão por estarem juntos, enquanto cada um permite que o outro seja livre. É na admiração e na permissão para que o outro seja livre, que vocês se encontram mais profundamente. Este é o propósito da verdadeira intimidade.
O primeiro passo é sentir-se à vontade consigo mesmo, confiar em si mesmo, e continuar agindo assim, mesmo quando está em contato com o outro. O segundo passo é voltar-se para o outro com admiração, sem querer muda-lo ou controla-lo; simplesmente observando, sentindo e descobrindo o outro. E o terceiro passo é desfrutar do que flui facilmente entre vocês quando estão juntos – aproveitar esse fluxo e deixar que o outro seja livre.
Os relacionamentos na Terra são muito preciosos. É onde você se depara, energeticamente, com suas emoções humanas mais intensas. No começo eu falei “Estou aqui hoje para ser uma advogada do ser humano.” Com isto quero dizer que, historicamente, para manifestar a essência divina, geralmente buscava-se transcender o aspecto humano, tentando elevar-se acima dele e realmente fugir das próprias emoções, tornando-se um recluso, de modo a evitar os laços de relacionamentos autênticos com parceiros. O meu caminho para o divino é ser realmente humano através de relacionamentos, porque, embora esta seja a situação onde somos mais profundamente confrontados com nossos sentimentos de solidão, saudades e desespero, é também onde vivenciamos admiração, alegria intensa, conexão e uma intimidade preciosa.
Uma vez que você tenha entrado em um relacionamento íntimo profundo com outra alma na forma humana, ele se mantém para sempre na memória da sua alma. Quando a alma é profundamente tocada por ter sido humana, por ter sido um homem e uma mulher conectados pela sexualidade, isto é verdadeiramente um portal para o divino. Desta forma, o espiritual, a luz divina, pode realmente começar a viver nas pessoas e na sociedade humana. A espiritualidade adquire um brilho vivo e dourado, não através do isolamento em algum reino lá no alto, mas precisamente através da interação na Terra entre humano e humano.
Quero agradecer a todos vocês por estarem juntos aqui, pela abertura com que estão conectados de coração. É isto que importa! A verdadeira espiritualidade não é a disciplina ou o desenvolvimento de certas habilidades ou artes que vocês dominem. Ela se resume simplesmente a um coração aberto, um coração humano que deseja se curvar para as suas próprias trevas, com admiração e gentileza e, assim fazendo, experimentar também a alegria do amor – o caloroso amor humano.
Muito obrigada.
© Pamela Kribbe
Tradução de Vera Corrêa veracorrea46@gmail.com